Como recessões atingem cada pequena e média empresa — e o que fazer para navegar bem nessas águas

Pequenas e médias empresas estão diante da possibilidade muito real de recessão econômica global nos próximos 12 a 18 meses.

 

Pequenas e médias empresas (PMEs) estão diante da possibilidade muito real de recessão econômica global nos próximos 12 a 18 meses. Embora 2022 ainda esteja por ser considerado oficialmente um ano de recessão, as PMEs já estão se preparando para o pior.

Com ou sem recessão, as forças combinadas de inflação, agitação global e alta no preço dos combustíveis já criou dificuldades para líderes de empresas tomarem decisões inteligentes que ajudem sua organização a continuar ágil e passar pela turbulência que vier.

Mas como uma projeção econômica não tão animadora afeta sua pequena empresa? E o que você pode fazer para se preparar para os piores resultados possíveis e, quem sabe, até encontrar sucesso em meio à incerteza?

Como PMEs resistiram às recentes tempestades

Não vamos usar de meias palavras. As recessões recentes foram excepcionalmente muito duras para as pequenas empresas.

A Grande Recessão de 2008 causou impacto muito forte nas PMEs, por exemplo. As dificuldades que grandes bancos considerados "grandes demais para quebrar" passaram causaram um efeito cascata no mercado de crédito, e isso atingiu pequenas e médias empresas com uma força desproporcional.

Cerca de 1,8 milhão de pequenas empresas fecharam as portas nos EUA nos dois primeiros anos desta recessão. As empresas que dependem de financiamento externo pesado, como indústrias, foram as mais expostas a risco na crise de 2008.

A abertura de novas empresas também estancou nesse período, saindo da máxima de 2006 de 715.000 novas empresas fundadas para a mínima de 560.000 em 2010.

Como essas empresas se recuperam

Mas, como sabemos, PMEs são muito diferentes de grandes corporações. O impacto das recessões nelas é diferente.

Ao contrário de empresas gigantes, os negócios menores normalmente não têm diversidade de receita para minimizar o impacto inicial das crises econômicas. Sendo assim, esses negócios nem sempre trabalham com os mesmos orçamentos trimestrais e anuais, mas tendem a precisar mais de fluxo de caixa mensal, o que as faz sentir o impacto antes das grandes. Mas, por outro lado, pequenas ações geram grandes resultados em termos de remodelar o negócio e construir resiliência.

Além disso, muitas PMEs têm bons relacionamentos com seus clientes e sua comunidade, tendo uma base leal de fãs que estão com a empresa nas horas boas e ruins.

Em geral, as PMEs são responsáveis por 50 a 75% dos empregos nos EUA, e por isso são um catalisador econômico muito importante no contexto geral. É verdade que em momentos difíceis os pequenos precisam tomar medidas duras de corte de custo, mas muitos também têm boas chances de voltar a investir e crescer quando o cenário macro dá sinais de melhora.

O que fazer agora

Em 2019, 44% dos pequenos empresários não haviam se estruturado para suportar uma recessão — número este bastante elevado. E se você está nesse grupo, agora é a hora de agir com proatividade. Existem algumas coisas no alcance das PMEs agora que podem ajudá-las a se fortalecer contra uma crise.

Primeiro: acumular reservas

Da mesma forma que uma pessoa economiza na vida pessoal para uma emergência ou um período sem emprego, uma empresa deve fazer o mesmo. O melhor é garantir uma reserva de caixa agora e se preparar para eventuais perdas de receita.

Esse também pode ser o momento de buscar mais financiamento junto a bancos e credores. Com a tendência de alta nas taxas de juros, o momento pode ser ainda mais delicado do que há alguns meses. Mas a melhor hora de buscar crédito e financiamento adicional é sempre antes de realmente precisar.

Uma tendência que tomou força depois da recessão de 2008 foi o financiamento coletivo, ou crowdfunding, que pode ser uma opção viável dependendo do seu modelo de negócios.

Foque em produtos, serviços e fornecedores

E avalie o negócio em si. É possível diversificar os produtos e serviços que você oferece hoje? Você pode começar a buscar novos mercados?

Grande parte do custo da operação de uma empresa vem de fornecedores, então agora pode ser uma boa hora para analisar seus custos e tentar renegociar acordos ou buscar parceiros diferentes do seu mercado para economizar.

Remover soluções ultrapassadas e consolidar sua estrutura de TI normalmente são pontos fáceis de ajustar para gerar economia. Ao fazer esses cortes, é essencial ter uma base digital sólida e o tipo de suporte que sua equipe de TI realmente precisa.

Invista com cautela

Por fim, outra alternativa pode ser adotar uma postura mais conservadora com os investimentos que você tem feito. Agora pode ser a hora de segurar grandes investimentos, como um novo escritório e equipamentos, ou o melhor seria recuar no ritmo de contratação até ter uma maior certeza dos anos que estão por vir.

Não perca a positividade

Sim, é uma boa ideia tomar precauções agora que preparem você para uma eventual crise, mas nem sempre crises são de todo ruins. Na verdade, alguns especialistas afirmam que uma pequena recessão pode até ajudar pequenas e médias empresas de algumas formas: com a queda na demanda por determinados produtos, é possível aliviar uma aceleração da inflação. Além disso, uma crise pode facilitar as coisas no mercado de trabalho — esse é um bom sinal para empresas que vêm pendurando cartazes de "procura-se" na vitrine há meses.